Parece que toda origem de super-herói é uma origem de sacrifício e heroísmo exacerbado. Este nosso personagem não tem essa bela história, e sim um caso de atropelos e desacertos. Thinda Nopabhilo era um jornalista investigativo no Tokyo News Tabloide, jornal de 25 centavos da grande capitão japonesa. Sempre em busca de um furo jornalístico, rodava as ruas da cidade com um bloco de notas numa mão e uma câmera fotográfica na outra. Literalmente. O cidadão, ou conseguia escrever a matéria, ou tirava fotos, nunca as duas coisas numa mesma matéria. Então suas notícias sempre eram confusas:
"Mulher se esconde em beco e acredita ser uma tampa de bueiro – a foto era de uma torrada com cara de Elvis Presley."
"Casal bate boca no trilho do metrô fazendo com que esse fique parado até que os pombinhos fazem as pazes – a foto era de um pombo de 5 kg que não conseguia mais voar."
Ou seja, pérolas inaceitáveis até mesmo para um tabloide. E até mesmo para os japoneses, que já são bem excêntricos. Thinda foi demitido, e sem emprego, o que mais ele poderia fazer? Pensou em ser escritor de cartões de natal, mas lá a população é mais budista, então o Papai Noel anda em baixa por aquelas bandas. Pensou em escrever nas lápides dos cemitérios, mas lá o pessoal gosta de ser cremado. Pensou até em decorar festas de crianças, escrevendo seus nomes em balões, mas esta técnica só funciona no alfabeto ocidental.
Sem ideias, o rapaz pratica um suicídio apropriado para ser notícia: se atira na prensa do jornal que outrora era seu empregador. Mas o resultado não foi o esperado, a mistura do papel, da tinta e do odor de peixe que o japinha tinha, fez uma química nova em seu corpo, e todas as suas células se transformaram em pixels de jornal. No entanto, como todo jornal, que perde seu valor no dia seguinte, Thinda precisa de novas notícias para que não se autodestrua.
Enquanto não aparece uma vaga na polícia especial japonesa, ele passa o dia lendo os jornais concorrentes para se auto preservar.
